terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Untitled - 11º

Pea
-Os marmelos estão óptimos, tirando a parte em que estão de cama. Desta vez estás aqui para ficar?
-Conto com isso. – Ele sorriu.
 Abracei-o.
-Tive tantas saudades tuas.
-Eu também. Mesmo muitas. – Ele largou-me. – Mas agora conta-me o que te anda a preocupar.
-Há duas semanas atrás o Miguel morreu.
-Não acredito, o teu irmão… - Ele olhou-me surpreendido.
-Sim, encontrámo-lo estendido no chão do quarto dele com montes de drogas ao pé dele. – As lágrimas escorriam agora e escondi a minha face no peito de Tomás.
-Lamento.
-Eu tive para te ligar, mas percebi que não querias falar comigo porque não gostas quando não podes estar fisicamente com alguém com quem falas.
-Desculpa. – Ele apertou-me mais.
-A culpa não é tua…
-Também não é tua.
-É sim, eu deveria ter percebido.
-Não… Se ele andava a esconder como deverias ter percebido? Ele não queria mesmo que percebesses.
-Mas deveria ter percebido que algo tinha mudado. Eu sou a irmã dele.
-Diz lá que não é verdade que quem te percebe melhor não é ele.
-É verdade, mas…
-Mas nada, com ele acontecia o mesmo. Não conseguias controlar.
-Sim, tens razão.
Ele abraçou-me até as lágrimas e os soluços terem parado.
-Sabes… Eu não consegui despedir-me de ti porque tu és mesmo muito especial.
-De especial não tenho nada.
-Tens, acredita. Aliás, o tempo que estive fora eu só pensava em ti e perguntava-me como estarias. E mesmo antes eu já tinha percebido…
-O quê?
-Que eu te amo… Mas mais do que como amigo.
-Eu… eu não sabia. Pensei que estivesses apaixonado por aquela outra rapariga
-Não, isso foram parvoíces minhas. Achei que se namorasse com ela, acabaria por esquecer-te. Mas estou farto de me mentir a mim mesmo. É a ti que eu quero.
-Tomás, eu… Eu também te amo.
-Então e o…
-Mesma coisa.
-Somos tão tolos.
-De facto, somos mesmo.
Ele sorriu e beijou-me gentilmente.
-Obrigada por me iluminares o dia.
-De nada. – Sorriu. -Agora tenho mesmo de ir, mas depois já te mando mensagem.
-Está bem. – Observei-o enquanto se dirigia com o passo acelerado para o hospital e eu mesma me dirigi também para lá.

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E peço imensas desculpas por ter demorado tanto. Não, não tenho desculpas para dar. Simplesmente não me tinha ainda dado para escrever.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Untitled - 10º

Pea
Observava as pessoas que me rodeavam. Uma senhora idosa passava à frente de um prédio, protegida por um chapéu-de-chuva. Um rapaz de phones nos ouvidos e um capuz preto na cabeça. Uma rapariga encharcada da cabeça aos pés. E outro rapaz. Um rapaz que me chamou a atenção até ao mais ínfimo detalhe. Tinha o cabelo e os olhos castanhos, observava toda a gente como se tivesse saído à rua pela primeira vez. E reconheci-o.
  Quase instintivamente levantei-me e fui em direcção do rapaz.
- Tomás! – Quase que gritei.
- Maria. Já não te via há tanto tempo!
Acelerei o passo na direcção dele e abracei-o. Reparei que ele ficou surpreendido.
- Já não estava habituado a este tipo de coisas. – Ri-me.
-Então, o que fazes por aqui?
-O meu pai está doente… - Ele olhou para baixo triste.
-Ó, lamento…
-Dizem que as probabilidades de ele sobreviver são muito pequenas…
Abracei-o. Desta vez sem a euforia de revê-lo mas sim com a compaixão de uma amiga. Senti os braços dele rodearem o meu corpo e de repente senti um conforto e uma felicidade percorrerem o meu corpo como não sentia há muito tempo.
-O que foi? – Não consegui conter as lágrimas que agora caiam dos meus olhos.
-Eu… Eu não sei.
-Tens a certeza que estás bem? O que aconteceu?
-Não te quero preocupar com os meus problemas…
-Anda lá. Sempre mos contaste. Sempre te ajudei.
-Sim, até te teres ido embora…
-Sim, até isso…
-Tive tantas saudades tuas… Porque não disseste que tinhas voltado?
-Eu nem me lembrei.
Olhei para ele e voltei a mergulhar nos olhos dele.
-Desculpa… - Ele quebrou o silêncio que entretanto se tinha instalado.
-Pelo quê?
-Por não te ter dito nada. Por nem me ter despedido. Por te ter magoado...
-Eu sei que não gostas de despedidas. Nunca gostaste.
-Mas eu sei que tu gostas que se despeçam de ti.
-Mas não pode ser tudo à nossa maneira pois não?
-Pois. Pois não… Porque estás aqui mesmo?
-Houve um acidente com os marmelos.
-Quem?
-Tu sabes. OS marmelos. – Ri-me
-O magrinho, o rapper, o do cabelo liso e o loirinho?
-Exacto!
-Então?
-Então, iam no carro e outro carro foi contra eles.
-Que mau… E o que estás a fazer aqui fora?
-Apanhar ar…
-E como é que os marmelos estão?
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Vou tentar escrever mais mas não prometo nada! Isto já foi escrito até à uma da manhã xD Mas como pelos vistos há quem goste... xD